quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Jejum, uma prática a ser resgatada

Antes de conversarmos um pouco sobre a música que postei, queria deixar esses ensinamentos sobre o jejum que recebi por email do meu amigo Marcão Nascimento. Não cito o autor, pois não tinha no email. Se alguém puder contribuir com essa informação, será bacana. Se o autor quiser, retirarei do ar, pois não obtive autorização.

"O jejum é bíblico. Está presente tanto no Antigo como no Novo Testamento. Os profetas, os apóstolos, o próprio Jesus, bem como muitos servos de Deus do passado como Agostinho, Lutero, Calvino, John Knox, John Wesley, Dwight Moody e outros mais através da história praticaram o jejum. Ainda hoje, o jejum é uma prática devocional importante que não pode ser esquecida pela igreja.

John Piper definiu jejum como fome de Deus e não apenas pelas bênçãos de Deus. O jejum cristão nasce exatamente da saudade de Deus. O jejum é um teste para conhecermos qual é o desejo que nos controla. Mais do que qualquer outra disciplina, o jejum revela as coisas que nos controlam. Firmado nessa compreensão Martyn Lloyd-Jones diz que o jejum não pode ser entendido apenas como uma abstinência de alimentos, mas deve também incluir abstinência de qualquer coisa que é legítima em si mesma por amor de algum propósito espiritual.

Na verdade, devemos comer e jejuar para a glória de Deus (1Co 10.31). Quando nós comemos, saboreamos o emblema do nosso alimento celestial, o Pão da Vida. E quando jejuamos, dizemos, “eu amo a realidade acima do emblema”. O alimento é bom, mas Deus é melhor (Mt 4.4). Na verdade quanto mais profundamente andamos com Cristo, mais famintos nós nos tornamos dele, mais saudade temos dele, mais desejamos da plenitude de Deus em nossa vida.

Nós vivemos numa geração cujo deus é o estômago (Fp 3.19). Muitas pessoas deleitam-se apenas nas bênçãos de Deus e não no Deus das bênçãos. Quem jejua tem mais pressa de desfrutar da intimidade com Deus do que alimentar-se. Quem jejua tem mais fome do Pão do Céu do que do pão da terra. Quem jejua tem mais saudade do Pai do que das suas bênçãos. Quem jejua está mais confiado no poder que vem do céu do que nos recursos que procedem da terra.

O propósito do jejum não é obter o favor de Deus ou mudar sua vontade (Is 58.1-12). Também não é para impressionar os outros com uma espiritualidade farisaica (Mc 6.16-18). Nem é proclamar a nossa espiritualidade diante dos homens. O jejum deve ser uma demonstração do nosso amor a Deus. Jejuar para ser admirado pelos homens é uma motivação errada. Jejum é fome de Deus e não de aplausos humanos (Lc 18.12). O jejum é para nos humilharmos diante de Deus (Dn 10-12), para suplicarmos sua ajuda (2Cr 20.3; Et 4.16) e para nos retornarmos para ele de todo o nosso coração (Jl 2.12,13). O jejum para reconhecermos nossa total dependência da proteção divina (Ed 8.21-23). O jejum é um instrumento para fortalecer-nos com o poder divino em face dos ataques do inferno (Mc 9.28,29).

Deus tem realizado grandes intervenções na história através da oração e do jejum do seu povo. Quando deu a lei para o seu povo, Moisés dedicou quarenta dias à oração e ao jejum no Monte Sinai. Deus libertou Josafá das mãos dos seus inimigos quando ele e seu povo se humilharam em oração e jejum (2Cr 20.3,4,14,15,20,21).

Deus libertou o seu povo da morte através da oração e jejum da rainha Ester e do povo judeu (Et 4.16). Deus usou Neemias para restaurar Jerusalém quando este orou e jejuou (Ne 1.4). Deus usou Paulo e Barnabé para plantar igrejas no Império Romano quando eles devotaram-se à oração e ao jejum (At 13.1-4). Os grandes reavivamentos na história da igreja foram respostas de oração e jejum. As campanhas evangelísticas com resultados mais promissores são regadas pela oração da igreja e o jejum dos fiéis. Aqueles que mais conhecem a intimidade de Deus e mais se deleitam nele são aqueles que praticam o jejum com certa regularidade.

Hoje temos muitos motivos que deveriam nos levar a jejuar. Precisamos urgentemente da intervenção de Deus em nossa vida, em nossa família, em nossa igreja, em nosso país. Que Deus nos desperte para orar e jejuar!

Que Deus nos leve a uma vida de quebrantamento e santidade! Que Deus sacie a nossa alma nos ricos banquetes da sua graça!"

Saudações,

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

O Que na Verdade Somos

Não há mais segredos pra esconder
Por que complicar a verdade?
Que adianta apontar o caminho
E seguir outra direção?
Quando o mundo tenta nos enxergar,
Será que vê o que realmente somos?

Pra falar do amor
Tenho que aprender a repartir o pão
Chorar com os que choram
Me alegrar com os que cantam
Senão ninguém vai me ouvir...

Se a verdade é tão simples, onde erramos?
Ou o que deixamos de fazer?
Se não há mais segredos,
Por que complicamos?
Poucos entendem a verdade!
Pra fazer diferença não basta ser diferente
De que modo eu mudo a história?
Com discurso ou com ação?

Pra falar do amor,
tenho que aprender a repartir o pão
Chorar com os que choram
Me alegrar com os que cantam
Ninguém vai me ouvir sem amor...

O que na verdade somos?
O que você vê quando me vê?
Se o mundo ainda é mau
O culpado está diante do espelho!

O que na verdade somos?
O que você vê quando me vê?
Pra que serve a luz que não acende?
Não ilumina a escuridão

Essa música é da banda Fruto Sagrado (http://www.frutosagrado.org/) e queria que vocês que me acompanham pensassem sobre ela antes do meu próximo post. Quero pensar com vocês em algumas coisas abordadas nessa canção.

Segue aqui o link para quem não conhece a música http://www.youtube.com/watch?v=sO-kukd_Wbs

Sei que falhei duas semanas com postagens aqui, mas vou tentar me redimir postando um pouco mais nas próximas semanas.

Fiquem com Deus!

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

O Voluntariado e a Igreja Atual

Numa sociedade em que o voluntariado é bastante valorizado, principalmente nas altas esferas da sociedade, como uma maneira de se “redimir” por suas culpas, por seus erros. Dentro das igrejas, percebemos o caminho inverso.

Enquanto, no mundo dito secular, os próprios cristãos correm, se esforçam e procuram estar sempre à disposição. Dentro das igrejas vemos pessoas acomodadas, que querem assistir a lindos cultos-show. Onde devem se apresentar os melhores músicos, deve pregar o melhor orador, os bancos devem ser confortáveis, a temperatura agradável. Do contrário, haja reclamação e insatisfação.

Nesse contexto, me deparo com o seguinte texto:

“Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.” (2 Timóteo 2.15)

Se dividirmos este texto em quatro partes, teremos:

1. Procura apresentar-te

Deus pode ter uma obra pra realizar através da sua vida e que não está fazendo simplesmente porque você não se apresentou, não se dispôs. Para ser usado por Deus, o primeiro passo é se mexer, ser voluntário, estar disponível.
Apresente-se e será usado.

2. A Deus

O ato de apresentar-se não é vago, Paulo deixa claro a quem devemos nos apresentar, devemos nos apresentar a Deus. Quando nos apresentamos a Deus não temos vergonha de exercer funções que estão “abaixo” de nossa posição (social, intelectual, profissional, etc.). Quando nos apresentamos para servir a Deus, tudo é digno.

Ao contrário, também não temos medo de assumir funções que possam estar acima do que nos entendemos capacitados, pois é Deus quem nos capacita quando nos apresentamos a Ele.

3. Aprovado, como obreiro que não tem do que se envergonhar

Deus nos capacita, Deus vê o nosso coração e nossas intenções, mas ele não quer nada pra Ele de qualquer jeito. Para servir a Deus você deve buscar santificação diariamente.

Sempre, qualquer pessoa, em qualquer situação, poderá ser acusada de alguma coisa errada que fez, porque realmente comete erros, todos cometem. Deus não espera perfeição, ele espera dedicação. Não ter do que se envergonhar está relacionado a buscar um caráter reto e não a não cometer erros.

A palavra aprovado está relacionado ao serviço do Senhor (Rm 14.18), a humildade (2 Cor 10.18) e com perseverança (Tg 1.12).

4. Que maneja bem a palavra da verdade.

A palavra de Deus sempre deve ser nossa referência. Deus capacita pessoas para pastores, para mestres, conselheiros que podem nos orientar. Mas, Deus capacita a cada um para aprender.

Se não manejarmos com eficiência a palavra da verdade, dificilmente trabalharemos em busca de um processo de santificação, porque nem teremos parâmetros para tal, com isso já cai por terra o aprovado.

Se não manejarmos com eficiência a palavra da verdade, estaremos sujeitos a nos inclinarmos a qualquer doutrina falsa que nos afastará da vontade de Deus.

Em Romanos 16.10 Paulo diz: Saudai Apeles, aprovado em Cristo. Não temos outras informações sobre Apeles, mas para ter sido aprovado, certamente ele se apresentou a Deus como um obreiro que não tinha do que se envergonhar e que manejava bem a palavra da verdade.

Existem muitas pessoas que manejam com maestria a palavra da verdade, mas não tem procurado santificação. Não estão em busca de aprovação. Ou, se não tem do que se envergonhar, não tem se apresentado para o serviço.

Ou ainda, se tem se apresentado para o serviço, é para o serviço da igreja, do pastor, de homens, do chefe e não de Deus.

O que precisamos é nos apresentar aprovados a Deus!

Com esse pensamento, nossa visão sobre voluntariado dentro e fora da igreja será totalmente diferente. Vamos nos apresentar a Deus, nos capacitar para o que Ele tiver preparado para nós e assim não teremos do que nos envergonhar diante do único que pode nos reprovar ou aprovar eternamente.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Princípios

Hoje posto aqui pra vocês o texto de um amigo que gosto muito (tanto o texto quanto o amigo). Espero que sejam edificados por ele como eu fui. Também fica o link do blog do José B. Silva Júnior, seminarista da FTBC e homem de Deus: http://reflexosteologicos.blogspot.com/

"-Senhor... põe o carro desse lado... , aí os guardas vão multar!

Foi assim que Wilson... um jovem aparentando uns 28 anos de idade me abordou enquanto eu procurava uma vaga de estacionamento ao lado da rodoviária de Santos, no litoral Paulista. Passava um pouco da 23:00 hs e eu aguardava irmã e sobrinha que chegariam de Campinas para o fim de semana na praia.

Wilson estava vestido com bermuda, camiseta e uma sandália de borracha (aquela da propaganda)... Sua aparência era a de quem não estava ali há pouco tempo, olhar cansado, cabelos despenteados, pés castigados pelo contato com o asfalto poluído... Sua tarefa era, como a de muitos outros com quem cruzamos nos grandes centros; a de “guardar” os carros estacionados ao redor da rodoviária.

Assim que consegui minha vaga, Wilson veio em minha direção:
- Senhor, não precisa me pagar nada. Estou aqui para servir as pessoas. Pode entrar lá e esperar seu parente, tranqüilo. Se depois quiser me ajudar, como alguns fazem, fica á vontade, mas não quero que tenha isso como uma obrigação. Vou cuidar de seu carro de qualquer jeito.

Achei interessante sua abordagem, pareceu-me num primeiro momento que ele estava utilizando técnicas de marketing pessoal para promover seu negócio. Pensei comigo mesmo: A globalização na competição de mercado está transformando os flanelinhas em especialistas na área de “Car Park Business”. Após essa minha rápida reflexão, fiquei ali mesmo na calçada parado durante algum tempo, observando o trabalho do Wilson. Ele frenéticamente andava de um lado para outro das ruas, e sempre com uma amistosidade peculiar, abordava as pessoas com um sorriso no rosto, e em algumas das abordagens que pude ouvir o final era quase sempre o mesmo...: “fique tranquilo senhor... seu carro estará do mesmo jeito que deixou quando voltar”.

Como ele percebeu que fiquei o observando, entre um e outro “atendimento” vinha sempre em minha direção e como o embarque do ônibus que esperava estava previsto somente para ás 00:20 Hs, houve tempo de trocarmos algumas palavras.

- Olha lá...tá vindo mais um... A gente percebe que as pessoas ficam meio com medo quando me vêem. Acho normal... tanta coisa que a gente vê por aí, é natural que todo mundo fique com o pé atrás, por isso que procuro sempre conversar e explicar que estou aqui prá ajudar... Outro dia, veio uma mulher e pediu pra eu estacionar o carro pra ela.., estranhei, mas como estou aqui pra ajudar, fui lá e estacionei.., quando sentei no banco do motorista, olhei do lado e tinha carteira, óculos de sol, celular, bolsa..., Assim que desci falei pra ela não fazer mais isso, pois dependendo da pessoa levava as coisas dela embora com carro e tudo. Ela disse que já tinha vindo aqui outro dia com o marido e me viu falar com ele, por isso não teve dúvidas em me pedir ajuda... Então...minha intenção aqui é essa mesmo, de poder ser útil...ajudar as pessoas. É claro que preciso do dinheiro, tenho minha esposa que está grávida e uma filha, e tem também uma senhora que mora do lado de casa que não tem ninguém... procuro ajudá-la quando posso. Sei que tem gente que não gosta do que eu faço, e outros que não podem ajudar mesmo... Mas sempre tem aqueles que tem algum sobrando e nos ajudam...

Perguntei pra ele onde morava... Apontando com o dedo ele falou:

- Tá vendo aquele morro ali atrás da rodoviária ? Aquele poste com a luz amarela..lá em cima ? Então senhor, fiz um barraco ali... Minha esposa era prostituta, tirei ela da rua porque fiquei com pena da vida que ela levava... ela ia acabar morrendo na mão dos “cafetão”... Não tenho vergonha de falar isso não, essas meninas que ficam por aí, muitas vezes não tem escolha, ou você acha que elas gostam do que fazem..? se não aparece alguém para ajudar elas não tem pra onde ir, geralmente se envolvem com droga e daí pra perder a vida por causa de dívidas é fácil...- nessa altura alguém trouxe um milho cozido pra ele. Wilson começou a comê-lo, após me oferecer um pedaço, como alguém que realmente estava com fome.

Arrisquei outra pergunta: E o que você consegue ganhar aqui, dá pra ir levando ?

- Então senhor... qual é seu nome mesmo ? (disse meu nome pra ele e perguntei qual era o dele). Então Junior, aqui somos em 18 pessoas, então tenho que fazer a correria, senão não dá mesmo... – e lá foi ele, correndo atrás de outro carro que estacionava.

Fiquei refletindo sobre aquela situação... Na rápida conversa que tivemos até ali, através das palavras e atitudes de Wilson, constatei que ele carregava dentro de si, princípios nitidamente cristãos como: humildade, amor e preocupação com o próximo, honestidade, vida em comunidade.. e assim que ele voltou, não resisti e perguntei:

- E seu relacionamento com Deus Wilson...como anda ?

Notei que naquele momento, o rapaz agitado, que falava rápido e corria de um lado para outro fez uma pausa. Posso até jurar que ele respirou fundo antes de começar a me responder com outra pergunta:

- Você é evangélico né..? Pensei em pedir á ele que definisse o termo evangélico, mas como aquilo não era uma aula de filosofia, respondi que sim. Ele continuou:

- Já freqüentei uma igreja evangélica... Hoje sei que estou devendo pra Deus. Mas sei também que apesar de tudo Ele está no controle. Assim que saí da igreja há alguns anos atrás comecei a fazer muita besteira... Assaltava mansões e praticava outro tipo de roubos, toda polícia naquela época andava atrás de mim.. fui preso e na cadeia pude entender um pouco mais o que Deus espera de mim e me arrependi muito de tudo que havia feito até ali..., No fórum, na audiência que decidiu minha saída da cadeia, o Juiz ao lado do promotor, disse que eu deveria ser solto pois Deus havia falado isso pra ele, mas sob a condição de eu fazer algo em troca pra Deus. Você já viu algum juiz dar uma sentença dessa em alguma audiência, e dizer isso na cara de um bandido ? Pois é..eu ouvi, e sei que Deus existe e controla tudo isso aqui. Como já disse, sei que devo ainda pra Ele. Talvez você queira saber se freqüento alguma igreja, sabe, acho que a Igreja está onde cada um que se diz cristão está, não quero falar mal de ninguém, mas quando estava na igreja via muita gente fazendo coisa errada lá dentro, então quem é melhor ? Hoje eu procuro fazer o que aprendi de Deus... E isso eu posso fazer na rua, na rodoviária, no morro, até no banheiro de casa... E lá foi o Wilson de novo... atrás dos “clientes” dele...

Lembro depois de ter falado alguma coisa pra ele sobre meu ponto de vista com relação à igreja, a importância de seu papel em nossa formação espiritual, da intenção que os apóstolos tiveram quando se reuniam em comunidade. Disse que seus filhos precisavam crescer em contato com os ensinamentos bíblicos e que a Igreja é o lugar mais apropriado para isso.

Mas principalmente, disse á ele que percebi claramente alguns princípios cristãos nítidos em sua vida. E que as igrejas precisam (talvez como jamais precisaram) de pessoas assim.

Dirigi-me á plataforma de desembarque, para aguardar minha irmã e minha sobrinha, porém, antes do ônibus chegar, lembrei que era véspera de natal. Não me contive e me rendi ao nosso costume ocidental. Procurei o Wilson e deixei com ele um trocado para que comprasse um presente para sua filha... Abraçamo-nos e, emocionados, choramos juntos ali antes de nos despedir.

O que aprendo com tudo isso ? Muitas coisas... entre elas: que eu escrevo e falo muito, mas faço pouco. A certeza de que podemos ter daquela paz descrita por Jesus nos evangelhos que independe de circunstâncias, situações, condições e posições... paz que vem só através dEle. E que nosso relacionamento com Deus é algo muito pessoal, e que escutamos sua voz, sentimos sua presença e recebemos seus ensinamentos em nossas vidas das mais diversas formas....

Quando voltei para o local onde havia estacionado o carro, ele estava do mesmo jeito que o deixei..., mas eu saí diferente de lá."

Obrigado Junior pela autorização e espero que todos que lerem possam ser desafiados como eu.

Saudações,